Ainda na Monte Belo Corria o ano de 60 e da Longa nhia passámos para a Roça Monte Belo que se situava mesmo no oposto daquela. Entre uma e outra deveriam distar mais de 300 quilómetros. Aqui o café era vicejante e a perder de vista em extensão até porque devido ás irregularidades do terreno desenhado em alguns, montes o horizonte visual era curto. As bananeiras e os abacaxis e ananases em qualquer lado os encontrávamos e tínhamos a liberdade de os colher e consumir. Era como já disse uma roça tranquila onde diversos cursos de água se deixavam ver e ouvir correr numa mansidão e leveza espectaculares. Nas sanzalas á volta e em especial num dos morros que a circundavam era quase certo que todos e todo o fim de semana desde sexta ao anoitecer até á madrugada de segunda feira ouvir-se o som do batuque e dos instrumentos gentílicos que se juntavam aos cantares marcando o ritmo dos corpos no gingar daqueles ritmos africanos tão contagiantes dos quais destaco o merengue. E como o monte ficava sobranceiro á roça e esta tinha um enorme terreiro onde era secados os bagos de café e as nossas residências estavam dispostas á volta ou próximas dele, imaginem que toda a noite e dia ouvíamos e sentíamos aqueles ritmos quase com se estivessem junto de nós. Já a paz estava toldada pelos acontecimentos do norte de Angola a que já me referi e numa certa noite fomos acordados por indivíduos que estavam alerta, porque dum certo lugar no meio do capim de espaço a espaço se via acender um clarão que morria em curto tempo de segundos. O medo imperava e naquele local situava-se a casas e o quimbo de um dos guardas do terreiro e pensou-se que tivesse “visitas” inconvenientes na situação. Conjecturava-se com se fazer, ir lá, não ir, aguardar, disparar para amedrontar, que fazer? Assentou-se que com mil cuidados rastejando entre capim e cafeeiros fazer a aproximação pois que os nervos já estavam a ficar alterados, mas quem havia de ir? Ninguém se aprontava até que um dos presentes disse que iria mas com outro acompanhante. Tudo se calou, eu também esperei voluntário mas ninguém falou e então, não sendo eu muito corajoso pois que preso mais ser covarde vivo que um herói morto, lá me ofereci e outro contagiado disse sim e fomos. Demorámos algum tempo com todas as cautelas e chegando perto do local não se observava barulho ou movimento suspeito, a não ser a luz que continuava a relampejar. Então ainda encobertos chamámos: -ò guarda? Ele respondeu e nós avançámos até ele e perguntámos o que se passava e quem fazia aquela luz. - Eh, patrão, o bissonde está atacar os meus garinhas e eu estou fazendo fogo co capim. Estava deslindado o segredo daquela luz e fomo-nos deitar. De- Augusto Rebola "Crónicas da CADA" Esta foi a 12 ª Edição. NGA SAKIRILA KINENE!! MBOIM !! :) AVISO-Estes escritos estão registados e protegidos pelo IGAC |
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