PORTO AMBOIM O regresso As Férias em Porto Amboím terminaram, nossa filha crescia e sorria e nós também encantados por tudo tivemos de por ponto final e preparar o regresso. Fomos saber de comboios, o meio mais prático e cómodo para regressar e apontam – nos uma automotorazinha com motor de combustão, gasolina certamente que achei tão airosa. Pareceu-me até imponente mostrando-se sobranceira ao meu olhar como que a justificar que a pequenez que eu lhe atribuía havia de provar que não condizia com o seu comportamento e comodidade. Assim foi. Então, chegada a hora instalámo-nos nos maneirinhos bancos almofadados, soa o apito do Chefe com o seu boné branco e ela cavalos a fundo, arranca mimosamente não sem soltar um buzinito de despedida que foi também o nosso adeus a Porto Amboím. Sol escaldante, era uma tarde bem quente e iluminada e lá fomos anhara fora desta vez sem afrouxar pois talvez até os animais tivessem maior apreço por ela, não lhe atormentando a marcha. E não é que a viajem vinha agradando e não fosse tanto calor que por ali rondaria os 35 graus para mais, diríamos quase perfeita… Nesses anos em Portugal não sei se haveria comboios com muita e maior comodidade. Da rapidez não falamos porque em Angola tudo acontecia a compasso e nada se precipitava pois o tempo estava sempre a nosso favor. Eu até estou na dúvida se ele, o tempo, não parava para nós quando achava que era preciso… Começamos a subir os morros da Gabela e logo aí então ela deu algum sinal de cansaço. O fumo saía mais escuro que da boca de um fumador que se agarra ao último cigarro, mas sinais de fraqueza, nem pensar, Não fazia “pouca terra, pouca terra” mas um ruído de motor cujas entranhas o motorista estivesse a espicaçar. De repente após uma curvazita eis que em plena subida ela pára. E o motivo foi por nos surgir pela frente e deitada em plena linha uma árvore que constatámos era uma molemba, uma árvore frondosa que protegia os cafeeiros. Era tardinha e minha filha primeira, Fátima de nome e gabelense de naturalidade com seus 3 meses de idade, dormia ao colo, indiferente. Saímos a aproveitar a sombra e fazer banco na terra para esperar. O motorista sobe a um poste telefónico com uns ganchos nos pés e um cinturão largo de lona que o segurava nas alturas e com uma pileca de uma aparelhagem na mão, liga dois fios ás linhas dos postes e rodando uma manivela apressadamente, dizia: -Arô, arô, gambera. A montôra está retida na rinha porque tem muremba travessada na rinha e não pode passar e esta quase na noite. – Não pronunciava rrê, mas sim rê. E repetia vezes sem conta aquela mensagem sem que do outro lado viesse resposta. Nos intervalos lá se lastimava, mas de pronto continuava: arô, arô gambera…. Pensava-se em soluções mas quais? Até que passadas talvez horas e já a querer anoitecer aparece rodando na linha vinda da Gabela uma trotinete de apoio movida a braços com três homens e respectivas ferramentas cortantes que num curto tempo desfizeram e arrastaram a árvore para o lado, salvando a situação antes do cair da noite. E minha filha dormia, só nós nos inquietávamos por ela. Afinal a manivela que o sr. motorista rodava era para gerar corrente eléctrica para o telefone só que para o retorno não tinha pilhas mas a Gabela ouvia bem o apelo e veio em socorro. Partimos e chegamos muito bem. Viagens pequenas mas Grandes viagens! Angola era assim. Grande África!!!. De- Augusto Rebola "Crónicas da CADA" Esta foi a 7 ª Edição. NGA SAKIRILA KINENE!! MBOIM !! :) AVISO-Estes escritos estão registados e protegidos pelo IGAC |
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