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Angola Possui Enorme Potencial Mineralógico
As enormes potencialidades mineralógicas do subsolo angolano apenas são conhecidas parcialmente. O levantamento geológico e mineralógico em curso, no quadro da operação Planageo, conduzido pelo Ministério da Geologia e Minas e cujo término está programado para 2018, seguramente trará mais informação. Além do diamante, o território angolano é depositário de metais ferrosos (ferro, manganês, titânio, crómio), metais não ferrosos ou de base (cobre, chumbo, zinco, volfrâmio, estanho, níquel, cobalto), metais raros (lítio, nióbio, tântalo), metais nobres (ouro, prata, platina) e, ainda, terras raras, de utilidade nas telecomunicações. O trabalho de prospecção geológica é bastante complexo. Nem sempre o que se procura se encontra com facilidade. Ao mesmo tempo, a operação é bastante onerosa e envolve um risco elevado. De igual modo, é um processo bastante dinâmico. O volume de reservas provadas numa determinada altura poderá alterar-se com novos estudos. Mesmo sem ter chegado à produção, a Ferrangol empreendeu um enorme esforço, a partir de 2006, trabalho que pode ser ilustrado com 70 mil metros de sondagens na concessão de Cassinga. No caso da Huíla, os resultados apontam para recursos totais de Cassinga da ordem de 1.2 mil milhões de toneladas de minério de ferro, enquanto as reservas provadas estão fixadas em 512 milhões de toneladas. Nesse total, estão incluídos os 400 milhões de toneladas do jazigo de Cateruca. Estão ainda dadas como provadas as reservas de 35 milhões de toneladas, distribuídas por pequenos jazigos, também em território huilano. Na área de Cassala-Quitungo, na província do Cuanza Norte, os recursos existentes atingem 267 milhões de toneladas de minério de ferro e cinco milhões de toneladas de manganês. »» Programa de Cassinga tem três metas O gestor detalha que o Programa de Reestruturação do Projecto Mineiro-Siderúrgico de Cassinga tem três metas, designadamente o curto, médio e longo prazos. O início da exploração do minério de ferro, dentro de um ano, é a meta de curto prazo. Falta apenas que sejam ultrapassados alguns condicionalismos relacionados com o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) e o terminal mineraleiro do Saco-Mar, na cidade do Namibe. É que o escoamento do produto para o porto de exportação é uma componente tão importante quanto a sua exploração e beneficiamento. Em relação a esses condicionalismos, já foram dados alguns passos, como a aquisição do equipamento para o apetrechamento do terminal de exportação. O material, de acordo com Diamantino de Azevedo, apenas aguarda pela sua transportação para o país. De igual modo, foi já adquirido o equipamento para a montagem da própria mina. Quanto aos números, para a primeira fase, Diamantino de Azevedo situa as previsões num volume de um milhão e 800 mil de toneladas anuais de concentrado de minério de ferro a extrair de Cassinga. A manutenção ou o aumento desse nível dependerá muito do comportamento dos preços do produto no mercado internacional. O previsto volume de extracção representa muitíssimo pouco, se comparado com os 5.5 milhões de toneladas de 1974, ano pico registado na história da indústria. O preço de referência de uma tonelada de minério com o teor de ferro de 62 porcento, colocada num porto chinês, na modalidade CIF (custo, imposto e frete) é cotado, actualmente, em 62 dólares. O minério é qualificado a partir do teor de ferro que contém. Assim, até aos 35 porcento, a qualidade é baixa, embora possa ser comercializado, desde que submetido a um tratamento adequado e mais exigente. Com 40 porcento, o produto é considerado de média qualidade, enquanto será boa na faixa de 62 porcento. Aos preços praticados hoje no mercado internacional de minério de ferro, Angola poderá embolsar anualmente pouco mais de 111 milhões de dólares de receita bruta, na primeira fase, na eventualidade de que as previsões do índice de produção se concretizem. Seria um bom começo, mesmo que o mercado internacional de minério de ferro e de aço seja “muito competitivo”, como o admite o presidente do Conselho de Administração da Ferrangol, Diamantino de Azevedo. Além dos simples cifrões, a primeira fase do relançamento da exploração do minério de ferro em Cassinga tem previsão de criar 800 empregos directos, ao que se somam muitos outros indirectos, através de negócios de apoio à actividade ou de beneficiamento das comunidades, no âmbito da responsabilidade social do projecto. A produção em si não gera muitos empregos, na medida em que assenta mais na especialização e no uso de maquinaria industrial. Mesmo assim, é positiva a participação deste segmento da economia nacional na empregabilidade e sustento das comunidades angolanas no interior do país. Para o médio prazo, está prevista a entrada em operação do jazigo de Cateruca, igualmente na Jamba, com um potencial de reservas provadas de 400 milhões de minério de ferro. Este jazigo carece ainda de mais estudos. Existe já um estudo de pré-viabilidade, que culminará num outro de viabilidade, num horizonte temporal de dois a três anos. As projecções de exploração da mina apontam para um volume anual de 10 milhões de toneladas de peletes, minério beneficiado que se apresenta em forma de pequenas esferas, o que o torna facilmente manuseável no momento de acondicionamento para ser exportado. Para a fase de longo prazo, está prevista a entrada em operação de outros jazigos mineiros primários e secundários que abundam na região da Jamba. »» Prospecção estendeu-se a outras áreas Os trabalhos de prospecção e sondagens geológicas, em busca do minério de ferro, não se limitaram ao município da Jamba, na Huíla. Estenderam-se a Cassala-Quitungo, no Cuanza Norte, onde existem recursos calculados em 270 milhões de toneladas. Na comuna do Cutato, município do Cuchi, província do Cuando Cubango, está em vias de se iniciar a produção de ferro gusa, um produto intermédio entre o minério de ferro e o aço, resultante do beneficiamento do primeiro. Nessa localidade, será implantado o Projecto Mineiro-Siderúrgico do Cuchi, a cargo da Companhia Siderúrgica do Cuchi. Programado está o início imediato da produção de ferro gusa, num volume inicial previsto de oito mil toneladas, até ao final deste ano, para chegar as 96 mil, em 2017. A empreitada deverá arrancar com 1.713 trabalhadores angolanos e 30 estrangeiros. »» GeoAngol reforça acção da actividade mineira No rol de toda a actividade já desenvolvida, destaque recai sobre o surgimento em cena, em Dezembro do ano passado, da empresa público-privada angolana GeoAngol. Esta, que surgiu de uma ideia maturada desde 2006, reforçou grandemente a actividade mineira em Angola, segundo o presidente do Conselho de Administração da Ferrangol, Diamantino Pedro de Azevedo. Comparticipada em 40 porcento pela própria estatal Ferrangol, a GeoAngol é uma empresa de prestação de serviços laboratoriais e sondagem geológica. Está instalada no Pólo Industrial de Viana, em Luanda, e representou um investimento da ordem de 13 milhões de dólares. O seu surgimento no mercado interno significou um passo gigante, na medida em que algumas das análises anteriormente encomendadas no estrangeiro, a custos elevadíssimos, hoje são efectuadas no país, a custos mais razoáveis, sublinhou o gestor. »» Terminal mineraleiro de Saco-Mar O terminal mineraleiro de Saco-Mar é uma peça fundamental para a exportação do minério de ferro e derivados produzidos na região da Jamba, na província da Huíla. Infra-estrutura de apoio ao projecto mineiro de Cassinga, o terminal permitiu ao país, antes da independência, exportar anualmente mais de três milhões de toneladas de ferro saído das minas do município da Jamba. Actualmente inoperante, a infra-estrutura deve ser entregue à Ferrangol e aos seus parceiros, em cumprimento de um Decreto Presidencial. O processo está em curso. Quando tiver início a exportação de minério de ferro, abrir-se-á um mercado privilegiado para a China, curiosa e simultaneamente o maior produtor e importador mundial do produto. Por essa sua dupla condição, a China tem uma palavra decisiva na fixação do preço de referência do minério de ferro nos mercados internacionais. Diamantino de Azevedo diz que poderão aparecer outros países, com alguma actividade siderúrgica, interessados em comprar o minério de ferro originário de Angola, mas o gigante asiático é, seguramente, o primeiro candidato. |
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